Óleo de cozinha vira combustível de avião

A Finnair usou óleo de cozinha reciclado como parte do combustível de um Airbus A330 em um voo de Helsinque a Nova York na segunda-feira, 22. O conceito é interessante. A companhia aérea não pretendia revelar a proporção de combustível fóssil para óleo de cozinha que usou até o avião pousar, mas para ser certificado o combustível de jato precisa conter pelo menos 50% do tipo sujo, tradicional.

Parte do óleo de cozinha usado é dejeto de restaurantes. Antes de ser bombeado num avião, ele foi filtrado para remover impurezas (como fiapos de bolinhos de frango, por exemplo), e depois refinado. Nesse ponto, ele se torna quimicamente quase idêntico ?? variedade fóssil, e pode ser simplesmente “vertido” na mistura, segundo a Finnair. O que significa também que os motores do avião não precisam ser modificados para consumir a mistura.

No entanto, pode demorar um tempo para aviões comerciais serem movidos a biocombustível (não houve passageiros a bordo do voo). Ainda é caro demais coletar e refinar – atualmente sua produção custa aproximadamente o dobro que a do combustível tradicional. Para essa proporção mudar, o custo do carbono teria de subir significativamente, seja pela precificação normal do mercado (uma estimativa sugere que o preço do petróleo teria de atingir US$ 168 o barril para o biocombustível para jato ser competitivo) ou por regulamentação.

A Finnair admite que mudar para uma fonte de combustível mais sustentável reduziria as emissões líquidas de CO2 entre 50 e 80%. Mas o uso mais generalizado de biocombustíveis não seria tranquilo. Alguns pensam que as terras agrícolas usadas para produzir as colheitas propícias ?? produção de combustíveis significam uma redução da produção de alimentos ou mais desflorestamento, embora os cálculos não sejam minimamente conclusivos.

Aliás, o primeiro voo movido parcialmente a biocombustível por um avião comercial foi feito pela Virgin Atlantic em 2008. Ela acrescentou 20% de óleo de coco e de castanha a um dos motores de um 747 que voou de Londres a Amsterdã, algo que mais provavelmente provocaria questionamentos ambientalistas hoje. ??por isso que o óleo de cozinha reciclado é tão interessante. A Finnair espera criar uma “central de biocombustíveis” no Aeroporto de Helsinque, usando combustível “que nem compita com a produção de alimentos nem prejudique a biodiversidade”.

A outra coisa que poderia alterar a proporção, é claro, seria se os consumidores estivessem preparados para pagar mais por um voo movido pelo óleo usado da batata frita. Experiências sugerem que isto é muito improvável. Aliás, todos os indícios são de que estamos ficando cada vez mais seduzidos por tarifas baixas. Um objetivo menos ambicioso seria, talvez, convencer as pessoas de que comer o dobro de batatas fritas, e com isso inundar o mercado de óleo reciclável, significaria dar uma pequena contribuição pessoal ?? sustentabilidade. A campanha começa aqui.

Fonte: Estadão – 24/09/2014. Retirado do site: www.endividado.com.br. Acessado em 25/09/14.

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